domingo, 29 de agosto de 2010


Querido H,

Um dia promete que me vens visitar e me trazes o mesmo amor que me deixaste na infância.
Aguardo por um sinal ou que me aparecas num sonho.
(já agora...parabéns, hoje o dia seria de festa se não fosse a tua ausência bradar nos corações mais próximos)

sábado, 7 de agosto de 2010

Não são precisas fotografias para ilustrar este texto. Qualquer coisa que saía directamente de um intimo que não conhecemos, transcende qualquer pictograma, qualquer frame que possa eventualmente representar um conjunto de palavras.
Falo da tia Natália, com o mesmo brilho nos olhos com que falo da avó virginia ou da mãe são. É uma das mulheres da minha familia que mais amor me deu. Falo dela porque ela sempre quis ser a minha madrinha de papel passado e nunca o foi. Tem na mesa de entrada uma grande fotografia minha, com os meus canudos e com o vestido cinzento da infância. Têm-me lá com o amor todo do mundo, apesar de só me ver de "longe a longe". A minha tia Natália, vai ao cabeleireiro todos os sábados de manhã e ao domingo vai à missa rezar a Deus. Planta alóe vera numa casa-quintal que tem ao fundo da rua. Falo dela, porque ela ensinou a minha mãe a conjugar as roupas por cores e deu-lhe em amor, uma herança de carinho.
A tia Natália apareceu no meu sonho e no dia a seguir teve que ir a correr para o hospital.
Hoje, conta as horas para morrer. Entre os telefonemas de despedida e as palavras que teimam em se arrastar numa medicação anti-dor, devem de existir conversar divinas de domingo de manhã...
Promete que nos guias*

terça-feira, 3 de agosto de 2010


BOLERO DE RAVEL

Eternizaria o teu abraço
Se os braços que hoje dominas
[e se prendem fielmente ao teu corpo
Não fossem os mesmos
Que me envolveram
[num bolero de ravel interior

Eternizaria o teu cheiro
Se o perfume que hoje trazes
[colado ao corpo
Não fosse o mesmo odor
com que me mataste numa vida anterior

Eternizaria o teu beijo
Se a boca que hoje me destroi
[em palavras indígenas
Não fosse a mesma boca
que se afogou na minha
ao som do incêndio dos corpos

Eternizaria as tuas pernas
Se me dessem o compasso exacto
[para te amar
Não fossem as mesmas que me envolveram
num sexo incapaz

Eternizaria-te
Se não me matasses todos os dias
[com éter, devagar
E me deixasses escrever um poema
[no teu sexo
E nas palavras por falar.
vanessa

sexta-feira, 30 de julho de 2010


A Menina-Cacto à conta do seu feitio, ficou sozinha em pleno deserto.


Vale-lhe a água que reteve no seu corpo durante os anos em que não chorou. E tem para ela uma imensidão de areia à frente, sem que para isso seja preciso pôr os óculos, pois ninguém a virá visitar nem regar o seu sólido caule.

A MENINA-Cacto retem num só corpo as memórias de outrora, um coração feito de gengibre e os picos que teimam em ficar mais fortes e que a mantêm isolada.

domingo, 25 de julho de 2010


não é preciso viajar até muito longe,
basta-me ir e fluir por entre milhões de particulas
do meu próprio ser e da minha própria descendência celular.

~
faltam quarenta e oito horas

quinta-feira, 8 de julho de 2010


apetece-me um monólogo de Al Berto, um foco de luz intenso circular, um palco de tábuas corridas e uma cortina vermelha de veludo atrás.

sábado, 3 de julho de 2010

a ivone

Quando era pequena quis ser locutora de rádio, ficava horas a gravar programas inventados num pequeno rádio que o Sr.António João me oferecera pelos meus seis anos. Nessa mesma idade quis ser "Ivone Silva" e representar para o público do parque mayer e para os telespectadores da rádio televisão portuguesa. Quis ser Ivone, para ter esta genialidade em palco, esta "graça" e este encanto que só ela teve.

terça-feira, 29 de junho de 2010


Tem um cheirinho de bossa nova e um compasso indiscreto. Os destinos de férias, os fins-de-semana planeados, os não-planeados, as odes ao Verão e ao calor que nos cola o corpo. Os amores também podem vir (aos molhos como o alecrim). Os morangos e as cerejas crescerão nas nossas terras. Vem a paz. As lágrimas de emoção, de não poder ter tudo, mas ao mesmo tempo ter tudo aquilo que me faz falta. Contemplam-se as ribeiras, as águas de Heráclito, a serra que tantas vezes me abraçou e ardeu em gestos fúnebres. Sonha-se com o avô que nasceu nessa mesma serra, com a sua pele macia e com o abraço mais emocionante dos últimos tempos (eu sei que estiveste mesmo aqui a abraçar-me enquanto dormia).

terça-feira, 15 de junho de 2010

Festas de Lisboa
.o meu manjerico não tem dito popular.
aceita em tua fronte este meu beijo!
e, neste instante em que te deixo,
deixa que ao menos te confesse
que não é ilusão, se te parece
que a minha vida em sonhos se entretece.

.edgar allan poe.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

A menina-cacto procura um amor de verão, daqueles cinematográficos e com o poder emblemático de mudar os dias.

quinta-feira, 27 de maio de 2010


A menina-cacto está sensivel e de lágrima fácil. Jura que chorou litros de lágrimas à procura da porção secreta, de alguma coisa que lhe amaciasse a alma. Está à janela desde manhã, depois de ter ouvido insultos, analisado o horário laboral pormonorizadamente, ouvido pianos que a façam chorar e comprado outra amigo cacto para passar o dia consigo. Está à janela até o sol se pôr, porque sabe que ainda vai haver alguma coisa para mudar o dia descordenado que está a ter.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Precisam-se férias fora daqui, uma companhia e um protector solar

quarta-feira, 12 de maio de 2010





A propósito da visita do Pápa e do excêntrico microfone d'ouro e dos 37 mil euros diários que o senhor custa.
"gasolina para o jantar, que a gente nada se priva" e é por isso que continuamos na tacanhez eterna.
Obrigada Senhor/a!
*

Cinema Paradiso

há imagens que nos deixam tão à flor da pele*

terça-feira, 4 de maio de 2010




Escrever está a ser cada vez mais raro

cada vez mais dificil

cada vez mais doloroso

terça-feira, 13 de abril de 2010



Agarrar-me-ia ao mar se já não fosse Abril.
Como se tudo parasse aqui
e nenhum raciocínio fosse maior que este terraço.
Sem haver lógica nem metafísica possivel
para nos rejermos dentro na matéria mais bruta.
Mas já é Abril,
perco-me nos dias
e nas horas que se afogam na visão.
Porque o que faz sentido,
são as montanhas e o farol
O peixe, as fragatas e o sol

terça-feira, 6 de abril de 2010

ALTA, ESGUIA, CLÁSSICA


Não.
Não foste uma frase do Confúcio,
Foste uma rima de Petrarca.
E muito antes de o seres,
Já eras um quadro renascentista por descubrir,
de traços tão perfeitos e rigorosos.
Preferias que te tivesse segredado um poema,
antes de me prender à tua boca?
Ou que te tivesse trazido uma palavra doce,
antes de ter dado a volta ao teu corpo?
Do teu nome não preciso,
ainda tenho as tuas unhas cravadas na pele,
e o teu fogo acesso no meu peito.
(na foto Audrey Hepburn)

domingo, 4 de abril de 2010

Esta noite vai ser dificil para dormir, tenho o teu rosto demasiado vivo e as tuas unhas demasiado cravadas à minha pele. E podia perder-me em poesias e alongar-me em conversas sobre coisas realmente boas e importantes, mas vou-me manter em silêncio. Deixa-me ficar assim...


sexta-feira, 2 de abril de 2010

Porque o assobio do avô me veio à memória e porque, sem lhe pedir autorização, tenho andado a remexer no passado que está nas fotografias e nas palavras que ele escreveu num caderno diário a certa altura da vida.

Esta música era daquelas que se faziam ouvir ao domingo de manhã ou no carro a caminho da serra.

Cada vez sinto mais a tua falta e cada vez mais acredito que estás aqui ao pé de mim...

quinta-feira, 25 de março de 2010

"são elas que acordam pela manhã: as bestas, os homens e as crianças adormecidas"

maria velho da costa


"se choras, enferrujas"
Wizard of Oz
L. Frank Baum

gosto de cumplicidades *




n I want to be evil, my dear n

dá-me lume #5
Vanessa Redgrave

Aprendi nos livros, que há nomes que são presságios.

Chamar-me-ia outro nome qualquer, se num dia de março do final dos anos 80, o meu pai se tivesse esquecido do nome que me ia dar e optou por o nome da sua actriz de eleição.


sábado, 20 de março de 2010




François Truffaut

terça-feira, 9 de março de 2010

se partires, não me abraces


Se partires, não me abraces – a falésia que se encosta
uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre
e sonha com viagens na pele salgada das ondas.
Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão
das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque o ar que respiras junto de mim é como um vento
a corrigir a rota do navio.

Se partires, não me abraces –o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno
nos dias sem ninguém – longe de ti, o corpo não faz
se não enumerar as próprias feridas (como a falésia conta
as embarcações perdidas nos gritos do mar); e o rosto
espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.
Se me abraçares, não partas.
MARIA DO ROSÁRIO PEDREIRA

domingo, 7 de março de 2010

dá-me lume #4
Serge Gainsbourg

(fotografia de Melvin Sokolsky)


Agarrei-te na mão enquanto saías do carro e endireitavas o vestido. Sempre houve uma métrica poética qualquer entre os teus olhos e o teu sorriso rasgado quando falas em amor. Afastaste-me. Estava a remexer num passado que não nos era útil.
Desculpa estar a voltar ao assunto:
- Mas já viste que um romance nunca se pode desenvolver nas margens do Sena?
-Porquê?
-Tem uma carga demasiado forte para ser real dentro de cada um de nós.
-Mas que romance...?
A ideia era simples. O processo na tua mente é que era mais complicado.

"OUÇA-ME BEM AMOR
PRESTE ATENÇÃO
O MUNDO É UM MOINHO
VAI TRITURAR TEUS SONHOS
TÃO MESQUINHOS
VAI REDUZIR AS ILUSÕES A PÓ..."

sexta-feira, 5 de março de 2010



"Receio que não me possa explicar, dona lagarta, porque é justamente aí que está o problema. Posso explicar uma porção de coisas, mas não posso explicar a mim mesma..."

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS
dá-me lume #3
Brigitte Bardot




Definir Hermínia Silva é falar da cultura popular na sua plenitude. É elevar Lisboa ao Mundo, muito mais que Amália ou Marceneiro. Hermínia foi a Severa do seu tempo, elevou o teatro e o fado numa mesma balança de um Portugal em crescimento profundo.



A MELHOR DEFINIÇÃO DE TI, VEM DE TI MESMO

"Menina, eu sou é Homem"

Ney Matogrosso

dá-me lume #2
Anna Karina

dá-me lume#1
Charlotte Gainsbourg


ARTE PARA CONSUMO CASEIRO

Mangericarte é a cultura popular de todos os dias expressada nas nossas vidas. São todos os sonhos transformados numa plataforma de realidades. É a fotografia guardada num canto da sala,é uma pintura em papel de embrulho, é um vídeo sobre a metafísica, é a música tradicional do mundo inteiro por entre acordeões e gaitas de foles e é a poesia dita em voz alta de uma varanda para o mar.