BOLERO DE RAVEL
Eternizaria o teu abraço
Se os braços que hoje dominas
[e se prendem fielmente ao teu corpo
Não fossem os mesmos
Que me envolveram
[num bolero de ravel interior
Eternizaria o teu cheiro
Se o perfume que hoje trazes
[colado ao corpo
Não fosse o mesmo odor
com que me mataste numa vida anterior
Eternizaria o teu beijo
Se a boca que hoje me destroi
[em palavras indígenas
Não fosse a mesma boca
que se afogou na minha
ao som do incêndio dos corpos
Eternizaria as tuas pernas
Se me dessem o compasso exacto
[para te amar
Não fossem as mesmas que me envolveram
num sexo incapaz
Eternizaria-te
Se não me matasses todos os dias
[com éter, devagar
E me deixasses escrever um poema
[no teu sexo
E nas palavras por falar.
vanessa