terça-feira, 22 de fevereiro de 2011



VESTIDO VERMELHO
Perdi-te na partitura de Debussy,
enquanto colhias as papoilas selvagens
naquela noite de Julho agreste.
Os teus cabelos ardiam,
eram mato a queimar-me o rosto,
O teu corpo era a tocha
que suportava o fogo
E guardava as minhas mãos duras
da rigidez de um Janeiro tempestuoso.

Queimei os lábios no prelúdio
da tua melodia, pouco antes de te perder.

Tentei, ainda, guardar a lava
do teu olhar,
enquanto corrias pelo esquecimento,
abanando o vestido por queimar.
Mas as gavetas onde guardo os vulcões
estavam ocupadas
com cinzas dos poemas, que me ardem nos olhos,
quando na alma já não cabem.

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