VESTIDO VERMELHO
Perdi-te na partitura de Debussy,
enquanto colhias as papoilas selvagens
enquanto colhias as papoilas selvagens
naquela noite de Julho agreste.
Os teus cabelos ardiam,
eram mato a queimar-me o rosto,
O teu corpo era a tocha
O teu corpo era a tocha
que suportava o fogo
E guardava as minhas mãos duras
E guardava as minhas mãos duras
da rigidez de um Janeiro tempestuoso.
Queimei os lábios no prelúdio
da tua melodia, pouco antes de te perder.
da tua melodia, pouco antes de te perder.
Tentei, ainda, guardar a lava
do teu olhar,
enquanto corrias pelo esquecimento,
abanando o vestido por queimar.
Mas as gavetas onde guardo os vulcões
estavam ocupadas
com cinzas dos poemas, que me ardem nos olhos,
quando na alma já não cabem.
com cinzas dos poemas, que me ardem nos olhos,
quando na alma já não cabem.
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